quarta-feira, 7 de março de 2012

Exposição "Achados e Perdidos"


A exposição "Achados e Perdidos" que será aberta amanhã, dia 8, às 19h30 na Divisão de Artes Plásticas da Casa de Cultura da UEL traz os trabahos de 4 artistas de Florianópolis, Maíra Dietrich, Giorgio Filomeno, Augusto Benetti e Bil Lühmann. Na abertura haverá também uma palestra com Bil sobre seu processo de trabalho.

Aquele olhar delicado e apurado que só os artistas têm fez com que Bil, em 2009, percebesse um botão de roupa caido no meio da rua. Um tempo depois encontrou outro. O objeto então despertou seu interesse e fez com que ele começasse a colecionar apenas os que encontra na rua ou "os que meus amigos encontram também na rua e me dão, não aceito os que não foram perdidos". Cada botão apresenta uma característica: um brilhoso, relusente, outro com seis furos; um com a linha ainda enroscada, outro partido ao meio.

Mas as coleções não param por ai. Bil mostra uma parede cheia de bilhetes. "Alguns que os amigos me dão, outros que eu pego sem pedir licença". Existem também as colas do tempo do colégio e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da faculdade que estará a disposição, assim como os dos outros artistas. Além das coleções o trabalho dele engloba uma publicação que se chama "Tudo começa com C" e dois vídeos, em um ele explora o desaparecimento da imagem (o artista pinta seu próprio corpo com tinta preta até sumir) e em outro o movimento de inalar fumaça disperça (por meio da inversão da linha temporal do vídeo).

 Bil Lühmann e seus bilhetes


Outro expositor é Giorgio Filomeno. A primeira coisa a chamar a atenção no trabalho dele é seu TCC. Giorgio explica que teve dificuldade em achar um tema, um recorte para tratar em seu trabalho já que sua área de interesse era muito grande e englobava muitas possibilidades. Resolveu então criar esquemas e projetos para que pudesse elaborar um suporte que guardaria não somente a tese defendida como todas as suas pesquisas. Os projetos foram se multiplicando e nenhum conseguiu ganhar forma física. O que nos é apresentado é um enorme mapa com as principais áreas de interesse do artista e os trabalhos que surgiram a partir delas.

Um desses trabalhos se desmembra em uma sequencia de fotos da mão esquerda de Giorgio apoiada nas mais diversas texturas. Eles explica que gosta de sequencias e da sensação de continuidade em seu trabalho. Em outro, é possível ver o retrato do artista multiplicado em vários. Aquela necessidade que temos hoje de nos desdobrarmos em outros e também a possibilidade de mostrar o quanto somos muitos em um só. O artista me aponta uma das fotos e diz "alguns desses aqui não velem nada". São vários "vocês", mas também podem ser um "você" desmembrado em vários.

Se por um lado o trabalho de Giorgio é centralizado nele mesmo, por outro existe uma obsessão do artista por formigas e tudo que elas representam. "Elas existiam muito antes dos dinossauros e fazim a mesma coisa que fazem até hoje". A comunhão e a servidão dos pequenos animais o encantam. "São organizadas e têm muito a ensinar ao homem que só pensa em si, que é egoísta." As formigas de Giorgio se espalham por espaços públicos e já causaram episódios inusitados com pessoas que tentam "cutucá-las" por acharem que são de verdade. 

 Formigas de Giorgio Filomeno


Ainda serão expostos os trabalhos de Maíra Dietrich, que se concentra em formas geométricas, como os apanhados de emplastos que se sobrepõe e formam um quadro que exala um leve aroma de canfora, e os de Augusto Benetti que foca seu trabalho na repetição de figuras com traços marcados e tem um interessante "manual de medicina" cheio de histórias bizarras. 

Paralela à exposição, a artista Juliana Barone ocupa o banheiro destivado da Divisão no projeto do WC Arte. 

A exposição fica aberta até o dia 5 de abril. Para visitas monitoradas agendar pelo telefone: 3322-6844.


Fotos de Aline Luz

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