terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Diário: Divisão de Artes Plásticas


Ter uma experiência nova. Essa era a proposta quando fui passar a tarde na Divisão de Artes Plásticas (DaP) da Casa de Cultura da UEL observando a montagem da nova exposição. Uma experiência nova como pessoa e como estudante de jornalismo. 

A atmosfera que envolve a casa branca da DaP é quase que onírica. Sua arquitetura leve, suas salas amplas, suas (poucas) portas sempre abertas. O convite era para que eu me apropriasse do espaço sem medo. No começo fiquei sem jeito, não entendia a proposta. "Vocês querem que eu escreva sobre a casa, sobre a exposição? De um jeito livre? Minhas impressões? Elas importam?"

Fui conversar com Danillo Villa, o chefe da divisão. Danillo explicou que seu maior desejo é que todos se sintam como parte daquele espaço. A arte é um bem público. As portas estão sempre abertas e muitos passam pela rua distraídos e distraídos seguem seu caminho sem perceber que caminhos novos podem ampliar horizontes e nos levar para lugares lindos. 

Hoje a DaP se dedica a inúmeros projetos. A casa é aberta para exposições de artistas locais e nacionais. O projeto "mediações" destina-se a ampliar a participação dos visitantes nas exposições. Monitores propõem trabalhos e atividades a serem feitas a partir das impressões ou sensações que as obras expostas transmitem. O visitante não é apenas observador mas, também, produtor de arte. No projeto "mediações" o principal público alvo são crianças, que são educadas para a arte de um jeito diferente ali. 

Ainda existe um banheiro, um espaço que serve de instalação para artistas exporem seus trabalhos em mostras paralelas. A Dap sempre se preocupa em trazer personalidades para palestras produzindo discussões sobre o que se faz em termos de arte contemporânea no Brasil. Projetos não faltam. A casa branca é cheia de vida, não para nunca.

No dia da minha visita, 30 de novembro, alunos do último ano do curso de Arte Visual da UEL organizavam suas obras, frutos de trabalhos que foram desenvolvidos ao longo do curso, para a exposição. Junto com eles, artistas do Ateliê Permanente (mais um projeto desenvolvido lá e que consiste em um núcleo de atividades desenvolvidas durante todo o ano por um grupo de artistas sob a supervisão de Danillo Villa). Todos falam baixo e o sossego predomina na tarde quente. O sol rasga a vitrine do saguão superior e pinta de amarelo o ambiente em que a cor branca das paredes é predominante. Danillo me explica o conceito de cada trabalho de maneira resumida. 

Após o primeiro passeio, volto a olhar cada obra. Sento-me em frente às paredes. Primeiro vários quadros pequenos com árvores desenhadas me chamam a atenção. Primeiras impressões enganam e os galhos das árvores nada mais são do que contornos de mãos que hora nos chamam para dentro da paisagem, hora se unem em oração. No quadrinho ao lado, os galhos formam uma onça que me observa enquanto eu a observo. Lembro-me de quando era criança e via gatinhos, aviões, maçãs, dragões e tantas outras formas nas nuvens do céu.

Ser artista é ser criança e, portanto, é ser sábio. É ver o mundo por perspectivas singulares. É descobrir janelas e enxergar novas paisagens através delas. Uma das obras expostas são textos e conversas que o artista Higor Mejia desenvolveu com o tema "janelas". Em conversas no facebook, ou msn, ele perguntava para seus colegas como era a janela do quarto deles, as respostas viraram arte. 

Ele me fez pensar no que uma janela representa para mim. Acho que é um objeto dúbio, misterioso. É o que nos divide de onde estamos e de onde poderíamos estar. Ela une e separa ao mesmo tempo. Ela pode ser uma metáfora, pode ser uma aba em uma rede social ou pode ser apenas um amontoado de madeira e ferro e vidro. Uma ponte que rasga o limite entre o externo e o interno, entre o que é alma e o que é corpo. Janelas deixam passar aquilo que não se pode ver. O vento, a luz do sol e toda a sua energia. Algumas estão sempre fechadas, outras muito abertas, como as pessoas. Deixo as janelas por um tempo. Admiro as outras obras, algumas me comovem mais outras, menos, tudo de forma subjetiva já que sou leiga no assunto. 

Saio da divisão leve. É muito bom passar um tempo ali. Dividir conhecimento, ter experiências novas, refletir sobre novas perspectivas ou simplesmente descansar a cabeça do tédio e da dureza que é o dia-a-dia. Fica o convite para que todos façam o mesmo. A casa branca da Divisão de Artes Plásticas está sempre aberta para receber a todos. Pode ter certeza que para todos que trabalham ali, você é parte importante de todo o processo!  


O que está acontecendo no momento na divisão de Artes Plásticas:

Exposição dos Formandos e Ateliê Permanente
De dezembro a março de 2012
Segunda a Sexta, das 8h às 12h/ das 14h às 18h

Informações: 3322-6844


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