Vânia Mignone busca abrir os horizontes de estudantes que estão se formando
Alunos do curso de Artes Visuais participam de oficina e ateliê de pintura com a artista Vânia Mignone |
Artista plástica formada pela
Unicamp, Vânia Mignone, foi convidada pela Divisão de Artes Plásticas (DaP)
para realizar uma oficina com estudantes do curso de Artes Visuais da UEL. O bate-papo
com a artista foi no espaço da DaP em que está sendo exposto o “Ateliê
Permanente – oito cabeças e um burro”. Ela ainda realizou um ateliê de pinturas
e desenhos para que os estudantes pudessem por em prática suas habilidades.
A conversa foi a respeito do tema
“processos de trabalho”. Segundo Vânia Mignone, “para quem está terminando o
curso é sempre interessante conhecer como outro artista faz [seu trabalho]”.
Vânia Mignone fala à respeito de processos de trabalho no meio artístico |
Ela, que teve dificuldades em
definir a maneira de trabalhar, afirma que “o aluno está na universidade para
experimentar caminhos”. Portanto, seu intuito é explicar o modo como se
organiza até chegar ao produto final, para ampliar o horizonte dos estudantes e fazê-los
perceber que não há somente uma maneira de produzir. “Às vezes algo muito
simples que a gente fala, abre uma oportunidade muito grande pra quem está
começando”, diz.
A artista conta que sempre teve
habilidade para desenhar o que via, de modo proporcional, acadêmico, e por
isso, encontrava dificuldades em fazer trabalhos expressivos. Para ela,
trabalhar com xilogravura no início de sua carreira, em 1994, colaborou para
que retirasse de sua técnica “os refinamentos que tinha para conseguir fazer um
traço mais expressivo”.
Hoje em dia, Vânia Mignone ainda
trabalha com madeira (MDF), mas utilizando a pintura. Ela explica que é
necessário que o artista conheça bem o material com que vai trabalhar. “Você
precisa conhecer para poder usar as possibilidades dele [do material]. É um
processo longo, pois o artista precisa se dedicar a isso”, afirma. E explica
também que o artista não deve se prender a materiais caros, para que não tenha
medo de utilizá-lo.
Danillo Villa, diretor da Divisão
de Artes Plásticas, ressalta características importantes das obras de Vânia
Mignone: “Tem sempre um detalhe que contra outra coisa, uma sobra de outra
pintura, sobreposições. Às vezes ela pinta um objeto e sente falta de uma
pessoa, então acrescenta e vai compondo a cena, moldando o trabalho”.
Danillo Villa, diretor da Divisão de Artes Plásticas, participou da oficina |
A artista trabalha sem utilizar
cadernos de anotações ou mesmo esboços. Segundo ela, seu trabalho surge da
emoção. “Sento com o material e começo por algo que me dê vontade. Uma cor -
pinto a superfície da madeira com uma cor - ou com um recorte, ou palavra, ou
um número. Só para começar e ver que ideia e que emoção colocarei em cima da
madeira”, explica.
Vânia Mignone questiona a
influência que os avanços tecnológicos têm causado na produção artística.
Segundo ela, muitos estudantes ficam presos a esses avanços e têm medo de
procurar outras possibilidades para trabalharem. “Sempre gostei muito do
desenho e da pintura. Embora eu utilize uma técnica tão antiga, ela representa
o que eu vejo hoje em dia tanto quanto os meios mais modernos”, afirma.
Uma das pinturas da artista. Retirada de seu acervo digital. |
Texto e fotos: Pamela Oliveira
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