segunda-feira, 20 de maio de 2013

Diretora da CC/UEL participa de Mesa de debate no I Encontro Internacional de Educação Musical




Na próxima quinta-feira, 23, Magali Kleber, Diretora da Casa de Cultura/UEL, participará do I Encontro Internacional de Educação Musical "Um Novo Tempo Para a Música na Educação". O Encontro vai até 24 de maio e será realizado será realizado no Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE−FCC), no Flamengo (RJ).  O evento é promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ e a Escola de Música (EM).

O Encontro tem como pauta principal a implementação da Lei 11.769, de 2008, que instituiu a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica, alterando a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996. Este evento contará com a presença da ministra da Cultura, Marta Suplicy, do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. A diretora da Casa da Cultura, Magali Kleber irá compor a “mesa I - Um Novo Tempo Para a Música na Educação”.

A Casa de Cultura/UEL conversou com o Coordenador Geral, Felipe Radicetti do sobre o Encontro. Radicetti é músico e compositor independente de formação clássica. Ele falou sobre os objetivos e as discussões que o Encontro propõe e abordou também a questão musical no Brasil. Confira a entrevista:

Casa de Cultura/ UEL: Como e quando surgiu a ideia de realizar o I Encontro Internacional de Educação Musical "Um Novo Tempo Para a Música na Educação"?

Felipe Radicetti: A mobilização que a campanha "Quero Educação Musical na Escola" de 2006 a 2008 deu frutos pontuais, sobretudo pelos desdobramentos que a ABEM promoveu, debatendo e mantendo a mobilização no setor. Mas a inação do Ministério da Educação e os trabalhos tardios no Conselho Nacional de Educação não produziram qualquer documento que pudesse fazer efeito no sentido mais importante da Lei 11.769 [de 2008, que instituiu a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica]. As ações pontuais em algumas partes do país corroboram a existência de iniciativas particulares e comprovam a inércia em que a implementação se encontra. Por essa razão, foi absolutamente necessário retomar a campanha através de um evento de grandes proporções, capaz de provocar as instituições competentes a agirem nesse sentido, e agora.

CC/UEL: Qual o objetivo o I Encontro Internacional de Educação Musical "Um Novo Tempo Para a Música na Educação"?

FR: O primeiro objetivo é exatamente provocar as instituições que têm o poder de tornar concretas as mudanças na Educação no país. É o papel do Ministério da Educação, que tem resistido à Lei 11.769 e que tem tido muita dificuldade em absorver essa transformação tão importante. De maneira secundária, a presença das instituições de Educação Musical Internacionais convidadas, assim como a UNESCO, têm o papel de observadores internacionais desse processo. Foi preciso criar um holofote positivo e propositivo sobre o que está acontecendo no Brasil, hoje. O encontro busca, portanto, articular as instituições nacionais do setor político e dos educadores, as instituições internacionais, e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no papel de observador interno desde processo. Por fim, objetiva também a produção, por parte dos especialistas, de documentos em larga escala para uma contribuição objetiva e fundamentada para o aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei.

CC/UEL: Qual a relevância deste evento para a sociedade?

FR: É uma questão de Democracia. O objetivo da implementação do ensino de música em todas as escolas do país é a única resposta compatível que se espera de um Estado democrático: a universalização de uma educação global de qualidade, a universalização de um ensino de qualidade que se encontra disponível nas escolas mais caras do país. Segundo os documentos publicados pela UNESCO, a Educação Musical, entre as Artes, cumpre um papel fundamental numa Educação global e emancipadora.

CC/UEL: Quantas pessoas são esperadas neste Encontro?

FR: Espera-se atingir um sem-número de pessoas, através de um amplo programa de difusão. O encontro na Sala Eletrobrás do Forum de Ciência e Cultura da UFRJ tem a capacidade para cerca de 180 pessoas, mas a transmissão em tempo real por internet, assim como a produção de um programa de televisão fechada da primeira mesa pretende alcançar um número exponencialmente maior de interessados em todo o país.

CC/UEL: Como será a organização deste Encontro (mesas de debates, etc)?

FR: O encontro é estruturalmente muito simples: uma mesa política, onde se prepara o ambiente para os avanços concretos nas políticas públicas para Educação, no que concerne o ensino de música nas escolas, com a participação dos Ministros de Estado da Educação e Cultura, ladeado dos observadores internos (ABEM e Escola de Música da Rocinha) e externos (FLADEM,ISME, UNESCO). Uma segunda mesa em que o foco são as experiências pedagógicas.
Foram convidados três instituições internacionais e três Universidades do Rio de Janeiro para um espelhamento não como desigualdades, mas alteridades que possam criar entre os observadores internacionais, um conhecimento mais profundo e acurado da situação no Brasil. No segundo dia, a terceira mesa será de comunicação dos documentos resultantes dos GTs convocados para este fim, assim como da interação com os programas do Ministério da Cultura para o Plano Nacional de Cultura - PNC.

CC/UEL: Qual a importância da aplicação da  Lei 11.769/2008, que trata da obrigatoriedade do ensino de música no ensino básico em todas as escolas do país?

FR: A Lei não criou nenhum dispositivo que não já existisse, mas ao alterar a redação da LDB-96 ela exige uma mudança de interpretação que pode de fato significar uma mudança de comportamento escolar, a de que não a música não pode estar ausente das escolas. Por conseqüência disso, a importância é a potencialização do que já era previsto em Lei, e que poderá se tornar o instrumento de transformação da visão polivalente no ensino de artes por um cuidado maior, que ofereça obrigatoriamente o ensino de música nas escolas.    

CC/UEL: Como você caracteriza a discussão sobre Educação Musical no país?

FR: A discussão no país é muito avançada, madura e moderna. Isso é consequência dos mais de vinte anos de atuação da ABEM. Essa associação, que é a mais representativa nas cinco regiões do país, vem promovendo os debates no seio do setor que criou a maturidade com que os educadores musicais souberam fundamentar com a sua expertise, as ações políticas que os artistas de expressão nacional  amplificaram na mídia, tornando a campanha uma das mais conhecidas no país, com a publicação de mais de 177 matérias em jornais de papel e em veículos eletrônicos em 2008. Hoje, a campanha retomada nas redes sociais como o Facebook, conta com visibilidade pública significativa. 

CC/UEL: Como você caracteriza a discussão sobre políticas públicas voltadas para Cultura e Educação no país? Em quais pontos temos avançado e quais precisam de mais atenção para haver desenvolvimento?

FR: Vivemos, há quase dez anos, um dos momentos mais importantes da administração pública para a Cultura. Sinto-me privilegiado de tomar parte nesse tempo para a Cultura no Brasil. Incapaz de esgotar o âmbito de sua pergunta, faço um recorte para destacar algo de muito positivo nesse momento em que vivemos: o MinC está avançando nesse terreno com vigor e está produzindo, através do PNC, uma série de dispositivos importantes para a mudança de paradigmas na Cultura, e que estabelece conexão direta com a Educação: a certificação dos mestres populares, o reconhecimento da cultura griô (griot), quando poderemos, enquanto sociedade, restabelecer direitos há séculos expropriados pela hegemonia colonizadora, uma exclusão mantida requentada ainda no século XX pela hegemonia do pensamento positivista tardio ou retardado, no Brasil.

Teremos, a partir da certificação dos Mestres Populares, a possibilidade de expandir a representação coletiva de nossa cultura popular. Muitas outras heranças deletérias de governos liberais anteriores precisam de revisão urgente, como a Lei Rouanet. Quanto aos Direitos Autorais, é preciso urgentemente abrir a caixa preta do ECAD. Enfim, a pauta da música - uma das mais significativas expressões, inclusive no aspecto econômico, e uma das mais potentes armas diplomáticas do país no exterior, é extensa e há muito por fazer. Eu preciso ao confrontar-me com o mundo cultural, reiteradamente, evocar as palavras de Danton, memória tão importante nesses tempos em que a revolução parece ter se tornado impossível: Audácia, audácia e audácia.

Todas as universidades estão convidadas a participar do encontro via chat. Uma plenária especial contará com convidados como a cantora Daniela Mercury, os compositores João Donato e Tim Rescala, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

Com informações da Divulgação do Evento

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