SINOPSE E
DETALHES
Em uma cidade pacata e
anônima, durante um dia apenas, Clarice (Simone Spoladore) vê sua vida se
desenrolar de maneira circular, da morte ao nascimento, e depois à velhice mais
um vez. Ela observa as pessoas ao seu redor, que não envelhecem, e que não entendem
sua existência. Esta mulher deve compreender a importância de temas
fundamentais como a vida, a morte, a maternidade e a violência.
Data de lançamento 19 de
outubro de 2012 (2h 08min)
Direção: Eduardo Nunes
Elenco: Simone
Spoladore, Dira
Paes, Mariana
Lima mais
Gênero Drama
Nacionalidade: Brasil
Distribuidor: Vitrine
Crítica do Filme
por Luiz Zanin (Jornal Estadão)
Sudoeste, vento bravo
Antes
de seu primeiro longa, Sudoeste, o diretor Eduardo Nunes, de Niterói, fez um
curta de sucesso em festivais, Terral (1995). Há uma continuidade entre os dois
projetos, separados por mais de dez anos de distância e um considerável
amadurecimento do cineasta.
No entanto, nos dois existe a presença das
coisas do mar, do vento, de um tempo que aparece em suspensão, juntamente com
os personagens.
Em Sudoeste, o procedimento é radicalizado.
Nunes parece ter assimilado mais influências – fala-se em Andrei Tarkovski
e em
Apichatpong Weerasethakul , mas o diálogo mais próximo talvez
seja geograficamente também o mais vizinho. Pois parece evidente em Sudoeste a
presença inspiradora do clássico Limite, de Mário Peixoto, filme mítico da fase
muda, que durante muito tempo esteve presente no imaginário cinematográfico
brasileiro apenas pela lenda, até ser restaurado e voltar à circulação.
Se
em Limite o naufrágio das almas se dá num barco à deriva, em Sudoeste ele
acontece em terra firme, num vilarejo onde não parece acontecer nada. Pelo
menos para os poucos moradores, menos para Clarice (Simone Spoladore) que faz
mais um dos seus grandes papéis no cinema. A sua Clarice é uma personagem com
consciência diferente das demais, como se funcionasse em outra rotação, como se
vivesse uma certa dissonância de percepção em relação às outras. Um intervalo,
uma lacuna entre um ser e os outros.
Esse seria o conteúdo “dramático” de um
filme que, por outra parte, coloca ênfase em seu aspecto sensorial e não numa
narrativa que se reduziria às coisas que acontecem. Pouco acontece, de fato.
Mas esse pouco, é o que se mostra, pode ser muito. Pode ser tudo.
A tela panorâmica, o registro (belíssimo) em
preto e branco, o som – são esses elementos que se sobrepõem ao fiapo de
narrativa proposto. Isso quer dizer que Sudoeste é uma obra que se entrega
primeiro à percepção e em seguida à reflexão. Mas não num aspecto temporal,
sequencial. Sua percepção é já o seu pensamento. Mesmo porque seu material de
construção é o próprio tempo, com seus mistérios, seus paradoxos, sua
inexorabilidade.
Sudoeste toca assim em questões cruciais, e
com um grau de maturidade surpreendente. Expressa a confiança do autor na
autonomia da imagem, capaz de sondar um mundo reflexivo e de sensações pouco
explícitas.
Revela, por outro lado, a coragem de ousar
num mercado cinematográfico nacional que se conformou com a mediocridade. É
verdade que todo ano contabilizamos pelo menos alguns exemplares de bom e às
vezes ótimo cinema em meio à enxurrada de comédias ligeiras ou pesadas que
fazem sucesso de público. Nesse nicho das exceções é que Sudoeste terá de
encontrar o seu público. Sabemos que não é fácil.
Serviço
Cine Com- Tour (Avenida Tiradentes, 1241 - Londrina)Sessões: às 16h e às 20:30h
Ingressos: R$12 e R$ 6 (meia)
O filme ficará em cartaz até o dia 22 de Junho
Fonte: Adorocinema
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