Cultura na Casa

Uma “Terra Estrangeira” em Londrina

Cie Toula Limnaios, referência na dança-teatro alemã, chega ao Brasil e apresenta em Londrina o espetáculo “Anderland”

Serviço:

Espetáculo “Anderland”

Cie Toula Limnaios (Alemanha)

Dia 12 de abril

Às 20 horas

No Circo Funcart

(Rua Senador Souza Naves, 2380)

Classificação indicativa: 16 anos

Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)*

*Vendidos na Funcart (mesmo endereço do teatro) e na Loja Shop Ballet (Rua Pio XII, 64 – loja 3)

Informações: (43) 3342-2362

Imensas cortinas de plástico e quilos de jornal ao vento ambientam o mundo paralelo que a Cie. Toula Limnaios (Alemanha) traz a Londrina no fim de semana. Neste espaço caótico, personagens incorporam a sensação de fugacidade do tempo, o desejo vão de enraizamento e a melancolia que recobre a busca por felicidade.

Assim é “Anderland” (“Outra Terra”), montagem em cartaz no sábado (12 de abril), às 20 horas, no Circo Funcart (Rua Senador Souza Naves, 2380), com entradas a R$ 20 e R$ 10 (meia). Ingressos antecipados podem ser adquiridos na Funcart (mesmo endereço do teatro) ou na Loja Shop Ballet (Rua Pio XII, 64 – loja 3). Serão disponibilizados, no máximo, três ingressos por pessoa. A classificação indicativa é de 16 anos. Mais informações pelo telefone (43) 3342-2362.

Londrina será o primeiro destino da Cie Toula Limnaios na turnê brasileira, que também passa por São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Florianópolis, Foz do Iguaçu e Natal. A programação faz parte da Temporada Alemanha+Brasil 2013-2014, que tem apoio de Berlim e é uma iniciativa do Goethe-Institut. A vinda do grupo ao norte paranaense é fruto da parceria da instituição com a Casa de Cultura da UEL, com a Funcart e com o Festival de Dança de Londrina.

Em tempos de tagarelice – diz o material de divulgação do grupo – o espetáculo “Anderland” pretende chegar ao centro da mudez existencial. Mergulhados como estrangeiros numa ambiência onírica, os sete bailarinos realizam partituras corporais que transitam do lirismo à perturbação. O objetivo é refletir a imensa solidão do ser humano em uma era em que se dissolvem todas as certezas.

“Diante da inundação de imagens e de sons, diante dos outros que não entendemos, estamos como dentro de uma bolha, isolados do mundo, e colocamo-nos numa posição de mudez, confrontados com situações com as quais não podemos lidar”, diz, em entrevista, a coreógrafa Toula Limnaios. A linguagem não verbal da dança aparece, assim, como possibilidade estética de expressar sentimentos intraduzíveis por palavras.

A “bolha” a que ela faz referência está no palco desde as primeiras cenas. Uma cortina de plástico translúcida separa os bailarinos do público, deixando entrever figuras humanas que buscam um contato possível para além de suas fronteiras. “O plástico é uma metáfora para a opacidade do mundo. Ele confere uma outra textura aos corpos dos bailarinos por meio de uma visualidade que alcança uma atmosfera poética e ambígua”, explica a coreógrafa. Ao longo do espetáculo, esse invólucro vai adquirindo outros sentidos, até chegar à esfera privada, ao sufocante universo individual.

O contato com o mundo real se dá por meio dos jornais que, espalhados no tablado, estampam uma realidade feita de crimes, debates políticos, catástrofes, futilidades. Um ventilador conduzido pelos intérpretes lançam as páginas ao ar. “Os jornais no palco do ‘Anderland’ representam para nós a vida provisória da notícia, as flutuações rápidas das informações, que não chegam a nos tocar ou afetam-nos apenas por um momento e já são esquecidas”, enfatiza Limnaios.

Além do espaço, o tempo é outro elemento de estranhamento nesta “terra estrangeira” - comparada pela coreógrafa a “um sonho ou um pesadelo”. Inseridos na marcha cronológica, os personagens de “Anderland” parecem divididos entre o desejo de deixar marcas e a necessidade de desvencilhar-se das memórias. O peso do passado e a obrigação do futuro são motores que impulsionam as ações.

A linguagem coreográfica de Limnaios, ao mesmo tempo em que figura como herdeira do expressionismo alemão (na linha pregressa de Pina Bausch), conquista posição singular no cenário da dança europeia. O contraste entre o lirismo e a energia, bem como a força plástica das imagens que leva ao palco, são características de seu trabalho.

A trilha desempenha papel importante nas montagens da companhia. Toula divide a direção artística do grupo com o compositor Ralf R.Ollertz, que a cada espetáculo concebe uma verdadeira dramaturgia musical, com colagens associativas de sons. A matéria-prima de que parte Ollertz é diversa: extensões de silêncio, falas, ruídos cotidianos, fragmentos de música erudita e popular. No espetáculo que vem a Londrina, as faixas minimalistas e o som distante reforçam as imagens de solidão que a coreografia evoca.

“Anderland” estreou no ano de 2011 e, desde então, integra o repertório da Cie. Toula Limnaios com sucesso de público e crítica. O espetáculo foi elaborado na ocasião das comemorações dos 15 anos do grupo.

Curso – Além do espetáculo, os artistas alemães também conduzem em Londrina a oficina “Dança contemporânea e composição”, voltada para bailarinos, atores e músicos. A atividade acontece nos dias 10 e 11 de abril, às 18h30, nas dependências da Escola Municipal de Dança/Funcart (Rua Senador Souza Naves, 2380). O investimento é de R$ 30 e as vagas são limitadas. As inscrições estão abertas e podem ser feitas na secretaria da Funcart.

O grupo – A Cie Toula Limnaios foi fundada no ano de 1996 pela coreógrafa e intérprete grega Toula Limnaios e pelo compositor Ralf R. Ollertz. Em 1997, o grupo fixou sede em Berlim, onde desenvolve reconhecido trabalho de criação na dança-teatro contemporânea. Em 2003, inauguram o Halle Tanzbühne Berlin, que se consolidou como centro de produção e como palco multinacional, que interliga redes internacionais de arte. Desde o ano seguinte, o grupo recebe patrocínio institucional do governo de Berlim.

Ao longo de sua trajetória de quase duas décadas, a Toula Limnaios já produziu 34 obras e foi condecorada com importantes prêmios. Suas turnês já passaram por África, Bélgica, Lituânia, Letônia, Dinamarca, Equador, França, Grécia, Irlanda, Itália, Espanha, Áustria, Polônia, Venezuela e Chipre. Esta é a quinta vez que a companhia vem ao Brasil. Atualmente, o grupo conta com 16 colaboradores fixos e realiza entre 60 e 70 apresentações por ano.